sexta-feira, 23 de maio de 2025

LANÇADO O PROTOCOLO GUILHERME LIMA CONTRA O RACISMO, ASSÉDIO E BULLYING


Na quarta feira 14 de maio no Cine Henfil, aconteceu a segunda audiência pública para criação do protocolo Guilherme Lima contra o Racismo e Bullying nas escolas do município de Maricá.

Guilherme foi vítima de racismo e bullying na escola estadual Domício da Gama e acabou em ato extremo tirando a sua vida, o que comoveu toda a sociedade maricaense que começou a pensar em soluções contra estes atos extremos, iniciando a luta contra o racismo e assédios morais nas escolas da cidade (municipais, estaduais e privadas).

Impactada pelo tema e pelo grave problema, Kelly Bernardos (a vereadora mais jovem da história de Maricá e uma linda negra) realizou em 10 de abril a primeira audiência pública sobre o tema na Casa de Leis maricaense. 

A audiência pública foi proposta após o lamentável fato ocorrido com o jovem Guilherme Lima, que após muito bullying e pressões raciais, acabou suprimindo sua vida, o que entristeceu familiares e amigos e 'retirou o chão dos seus pais', presentes nas duas audiências.

Na primeira audiência (https://obaraoj.blogspot.com/2025/04/por-uma-marica-antirracista-o-sucesso.htmlmuito foi falado, várias propostas foram lançadas, sendo este o primeiro passo e primeiro ato para a mudança nas escolas da cidade, deixando claro que esta mudança precisa começar em casa.

Já na segunda audiência em 14 de maio, Kelly apresentou e leu todos os passos do protocolo criado contra o racismo para ser implantado nas escolas da cidade. 

Após a apresentação, Kelly deu voz aos componentes da mesa diretora onde a fala de Carlos Alves foi um dos destaques, ao pedir que o protocolo seja aplicado não apenas nas escolas, mas nos postos de saúde, nos setores públicos, nos locais privados, nos vermelhinhos, em toda a cidade!

Marinês Lima e Fabrício, pais de Guilherme estiveram presentes mas tomado pela emoção apenas Marinês usou da palavra descrevendo o lamentável fato, falando do seu filho e das providências que precisam ser rapidamente empregadas pelo poder público.

Vereadores (Igor Correa, Andrea Cunha e Julio Carolino) fizeram uso da palavra hipotecando solidariedade e a seguir, Kelly abriu a fala para o público presente. 


O primeiro a usar a palavra foi o jornalista Pery Salgado (jornal Barão de Inohan), que saudando todos os presentes, falou da linda trajetória de Kelly e da sua família, falando da importância da casa, do acolhimento e do berço, afirmando que todos esse problemas começam a ser resolvidos e evitados no seio familiar.

Abraçando os pais de Guilherme, disse que obviamente todos queriam que o jovem estivesse ali e que a audiência não fosse necessária, mas como nada é por acaso, afirmou que Guilherme é a bandeira e marco nessa mudança, como foi o seu neto, assassinado na maternidade do Conde Modesto Leal em 08 de junho de 2024, e (agradecendo a sensibilidade do vereador Julio Carolino que acatou a demanda e dos demais vereadores que aprovaram a lei) que deu origem a lei (escrita a 14 mãos - um jornalista, três advogadas e três médicas) do parto humanizado, onde mães deixaram de sofrer e crianças deixarão de morrer, também é um marco nessa mudança.

Confirmando a fala de Carlos Alves e dizendo que o protocolo apresentado por Kelly é o primeiro (grande) passo, pediu que o mesmo seja aplicado em todos os locais da cidade. 

Lamentou a ausência dos secretários das pastas diretamente envolvidas e cobrou da secretária da Mulher (não presente) sobre o funcionário que perpetrou atos racistas em um jogo de futebol em 2024 e que foi exonerado pelo governo passado, mas recontratado pelo atual e alocado justamente na secretaria da Mulher e cobrou também o assédio moral, psicológico e profissional que mulheres vem sofrendo dentro do ICTIM e da maternidade do Conde Modesto Leal, esta, sendo provocada por uma mulher e pasmem, negra!

Vários outros ilustres fizeram uso da palavra, mas um dos momentos emocionantes foi quando a advogada Ana Lopes recitou uma belíssima poesia escrita por ela, em homenagem a jovem guerreira Kelly Bernardos:

Menina Gigante

Menina gigante, alçando voo.
Fazendo história em Maricá, um novo tom.
Tua voz ecoa, sua sabedoria é ancestral,
Escola viva, força monumental.

Voe, menina, com asas abertas, sem temor,
Ninguém te prende, Ninguém te para. 
És raio, és flor 
Mulher preta, menina mulher,
Fome de justiça, a luta a te mover.
És força e brado, representas todas nós,
Em teu peito arde a chama da voz preta.

Que teu canto alcance cada coração, queremos você sempre no poder.
Menina gigante, és inspiração.
Não tema, você não está só, 
menina gigante, somos todas Marielles e Guilhermes a te mover.

(Poesia de Anna Lopes - advogada membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/ Maricá, da Associação da Advocacia Preta Carioca ( AAPC) e do Coletivo Aquilombar na Lagoa).

Em sua rede social Kelly agradeceu: "Gratidão profunda à todas e todos que estiveram com a gente nesta Audiência Pública!

A presença dos movimentos sociais, das autoridades comprometidas e da população foi essencial.

Cada voz que ecoou nesse espaço fortalece a construção de uma cidade que nos olhe, nos enxergue e nos respeite de fato.

Seguimos firmes, juntas e juntos, por justiça racial e por uma Maricá antirracista".

O protocolo receberá os ajustes finais e será enviado ao executivo municipal.

Esse está sendo sim, o primeiro grande passo!