Primeiras análises apontam que tragédia foi causada pelo deslizamento submarino de terras provocado pela erupção do vulcão Krakatoa combinado com a maré alta.
O fotógrafo de vulcões Oystein Lund Andersen estava na costa noroeste da ilha de Java, na Indonésia, quando um tsunami mortal varreu a costa no sábado (22) à noite.
Andersen relatou à BBC que as costas das ilhas foram golpeadas por duas ondas sem que antes tivesse ocorrido um tremor.
"De repente vi essa onda vir e tive que correr. Havia duas ondas. A primeira não foi tão forte, pude fugir dela", explicou.
A segunda foi devastadora: causou a morte de dezenas de pessoas e centenas de feridos, além de ter deixado centenas de casas e edifícios destruídos, segundo a contagem da manhã de domingo.
Não foi registrado nenhum terremoto, o que normalmente dá às autoridades tempo para transmitir um alerta de tsunami.
Só o vulcão Anak Krakatoa tinha registrado explosões durante a sexta e o sábado. E como explica Andersen, "justo antes de as ondas golpearem a praia, não havia nenhuma atividade (vulcânica)".
O golpe da onda se deu às 21h30 no horário local (14:30 GMT).
O que foi então que causou essa onda gigante com consequências devastadoras para a Indonésia?
Buscando a causa
Especialistas estão tentando determinar com exatidão, mas uma primeira avaliação aponta para um evento desencadeado pelo vulcão Krakatoa.
As autoridades indicam que houve um deslizamento de terra sob a água no Estreito de Sunda, que divide as ilhas de Java e Sumatra, e que isso gerou as ondas arrasadoras.
O chefe da Agência para o Controle de Desastres da Indonésia, Sutopo Purwo Nugroho, deu essa primeira explicação baseado na informação de atividade geológica registrada antes do tsunami.
Por meio do Twitter, ele atribiu o fenômeno a "uma combinação" do deslizamento de terras submarino provocado pela erupção do Krakatoa com a maré alta durante a lua cheia.
Nugroho assegurou que tsunamis no Estreito de Sunda não são comuns. Tampouco erupções grandes do Krakatoa, que costuma ter apenas tremores de baixa intensidade.
"Não houve nenhum terremoto que desencadearia o tsunami depois. Essa é a dificuldade de determinar sua causa", disse.
Como aconteceu, então?
O vulcanólogo Jess Phoenix disse à BBC que quando os vulcões entram em erupção, o magma quente cria um impulso embaixo da terra.
Pode mover e quebrar rochas mais frias, o que em algumas ocasiões gera grandes deslizamentos.
Como o vulcão Anak Krakatoa está parcialmente debaixo da água, em vez de só causar um deslizamento superficial, "gerou um deslizamento de terra submarino".
O fenômeno "empurra" a água na medida em que se desenvolve - com potencial de gerar um tsunami.
Como todo tsunami, é uma questão de minutos ou horas para que as ondas cheguem às costas. Além disso, a maré alta da lua cheia provavelmente contribuiu, sim, para a força das ondas.
Nos últimos meses, a atividade do vulcão Anak Krakatoa havia crescido.
A agência geológica indonésia disse que o vulcão entrou em erupção durante dois minutos e 12 segundos na sexta-feira, criando uma nuvem de cinzas que se elevou 400 metros sobre a montanha.
No sábado, houve mais atividade, como pôde constatar o fotógrafo norueguês.