Multidão de romeiros se dirige ao complexo que abriga a Basílica, em Aparecida, no Vale do Paraíba; romeiros caminham até 500 km para agradecer à santa
A cidade de Aparecida, no Vale do Paraíba, a
170 km de São Paulo, celebra nesta quinta-feira, 12, uma data especial:
há 300 anos, pescadores encontraram no rio Paraíba do Sul a imagem de Nossa Senhora Aparecida,
santa que se tornaria um dos principais símbolos da fé católica no
Brasil – desde 1980, é, por lei, a padroeira nacional – e daria origem a
um dos maiores centros de peregrinação católica do país, além de
inspirar o feriado nacional que se comemora hoje.
A previsão é que o complexo que abriga a Basílica de Nossa Senhora Aparecida receba cerca de 700 mil pessoas neste feriado. “Só neste dia 12, a gente espera um público de 200 mil visitantes”,
afirmou o padre José Inácio de Medeiros, superior provencial dos
redentoristas de São Paulo, congregação que administra o santuário.
“Estamos muito felizes porque identificamos um aumento de visitação de
25% no período da novena. Isso é muito bom.”
Segundo o padre, um dos responsáveis pela organização do
jubileu, a Basílica precisou encomendar 200 mil hóstias para alimentar a
fé de romeiros que vêm do país inteiro. Muitos deles vão ao santuário a
pé, percorrendo distâncias de centenas de quilômetros, caminhando ao
lado de rodovias movimentadas como a via Dutra, que liga São Paulo ao
Rio de Janeiro e é o principal acesso a Aparecida.
VEJA acompanhou o dia de alguns desses peregrinos na véspera
do aniversário de 300 anos da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Um
deles foi Wanderlei Pereira de Souza, de 33 anos, que descansava numa
rede quando foi abordado pela reportagem. Até ali, havia percorrido
2.000 quilômetros desde Araguaína (TO). “Vim de carro com uns amigos. É a
primeira vez. E foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida. Vou
repetir todo o ano”, disse o agricultor, que diz ter feito todo o
percurso em quatro dias.
Quem veio de longe também foi a família Passos. Ivanilde dos
Passos, 62 anos, se deslocou de Florianópolis com os filhos, o marido, a
cunhada e a sobrinha para prestar homenagens a Nossa Senhora Aparecida
pelo 15º ano seguido. “Comecei a vir porque tinha um problema na perna.
E, depois que alcancei a graça [ficar curado], não parei mais”, disse a
aposentada.
Luciene dos Passos, 36 anos, filha de Ivanilde, afirmou que a
fé da mãe é contagiante. “Depois que ela começou a vir, a família
inteira agora também vem. A gente herdou isso tudo dela”, disse. Já a
sobrinha, Narcisa Lucia Martins, veio por um motivo a mais. “Depois que
meu filho melhorou da doença que tinha, nunca mais deixei de vir para
agradecer à nossa mãe”, afirmou.