quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Agentes encontram mala cheia de dinheiro na casa do ex-prefeito de São Gonçalo preso nesta quinta em Maricá

Neilton Mulim é suspeito de fraude de R$ 40 milhões na iluminação pública do município, segundo o Ministério Público.



O ex-prefeito de São Gonçalo Neilton Mulim foi preso em sua casa em Maricá, na manhã desta quinta-feira, durante uma operação para combater fraude em licitação. A ação cumpriu 11 mandados de prisão e 26 de busca e apreensão contra políticos e empresários de São Gonçalo envolvidos no crime. O ex-secretário de Infraestrutura e Urbanismo do município, Francisco José Rangel de Moraes, também foi preso.

A operação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), ambos do Ministério Público do Rio (MPRJ), além da Polícia Militar e da Superintendência de Inteligência do Sistema Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro (Sispen/Seap).

Segundo as investigações, o esquema teria desviado R$ 40 milhões desde 2012. O grupo é acusado de irregularidades no processo de licitação para a contratação por parte do município da empresa Compillar Entretenimento Prestadora de Serviços Eireli.

O contrato foi feito para fornecimento de uma gestão informatizada de manutenção da iluminação pública, no valor de R$ 15,5 milhões um salto de 200% se comparado com o de R$ 5,8 milhões do contrato anterior. O acordo, de 12 meses, foi renovado por duas vezes. 

Um dos funcionários responsáveis por fiscalizar o serviço admitiu que não tinha conhecimento técnico e apenas assinava papéis. Um segundo fiscal ouvido admitiu que a empresa não cumpriu sequer o projeto básico.

"A empresa não executou o serviço para o qual ela foi contratada", disse a promotora Karine Cuesta. 
De acordo com ela, os investigadores estranharam o fato do municipio ter 65 mil pontos de iluminação, mas o contato previa a compra de 70 mil lâmpadas, que representa 107% a mais do que a capacidade dos postes de São Gonçalo. Só com esse esquema os investigadores estimam superfaturamento de R$ 6 milhões por ano.


A prisão do ex-prefeito foi realizada em sua residência no condomínio de luxo Bosque de Itapeba, antes das 7h. A casa foi comprada por R$ 1,5 milhão. Os agentes do MP e a polícia ficaram dentro da casa residência por quase três horas. Uma equipe foi deslocada para a casa dos pais do político, onde foi encontrada uma mala com R$ 267 mil em dinheiro escondida em sacos plásticos velhos, ao lado de uma churrasqueira.

O ex-prefeito prestou depoimento na 82ª DP (Maricá) e pelo menos quatro advogados o acompanharam. Os defensores de Mulim entrarão com um habeas corpus ainda nesta quinta-feira para tentar soltar o ex-prefeito.

Titular da 82ª DP, o delegado Carlos Henrique Machado destacou que a delegacia deu apoio na operação e disse que, após as formalidades, o ex-prefeito e o ex-secretário vão ser transferidos para a unidade prisional, em Benfica. "Eles vão ser levados ainda para fazer o exame de corpo de delito. Estamos agilizando o processo para que eles sejam logo transferidos e não pernoitem aqui", completou. Os mandados foram concedidos pela juíza Myriam Therezinha Simen Rangel Cury, da 5ª Vara Criminal de São Gonçalo.


Por volta das 14h20, o ex-prefeito esperava a transferência para a prisão em uma cela, na própria delegacia. O espaço cabe dez pessoas, mas apenas Mulim e Moraes ficaram no local. Segundo inspetores, o ex-prefeito comeu bananas, biscoito e bebeu água. Antes das 15h, Mulim foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo de delito. A defesa disse que não vai se pronunciar porque ainda não teve acesso ao processo.

Com reportagem do estagiário Rafael Nascimento - O DIA