sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Cancelamento de licenças do resort em Maricá, são confirmadas pela justiça

“A expedição de alvará, pelo município de Maricá, autorizando obras do empreendimento Maraey, representa verdadeira afronta às decisões do Poder Judiciário” - Renata Antão, defensora pública


 Na quarta-feira (17), a Defensoria Pública do Rio conseguiu uma nova decisão judicial CONTRÁRIA à construção do Resort Maraey, em Maricá, em uma área de preservação ambiental (APA).

Por determinação da 2ª Vara Cível da comarca, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) deve comprovar já ter cancelado todas as licenças concedidas em favor da IDB Brasil (Iniciativas e Desenvolvimento Imobiliário) relativas ao resort. A Prefeitura de Maricá também está obrigada a atestar o cancelamento do alvará de obras, e impedida de qualquer medida que possa autorizar o empreendimento.

O despacho do juiz da 2ª Vara Cível, onde tramita o processo, é pelo cumprimento de acórdão da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, que já havia decidido pelo cancelamento das licenças e do alvará. Há ainda posição do Superior Tribunal de Justiça (STJ) desfavorável ao empreendimento. A IDB havia recorrido às duas instâncias, sem sucesso.

Ingressada no dia 5/8, pelo 6º Núcleo Regional de Tutela Coletiva da Defensoria Pública, essa nova decisão judicial atendeu a petição para que fosse reiterado estarem impedidas a realização do empreendimento imobiliário e qualquer obra correlata em área de preservação ambiental, em respeito à determinação das instâncias superiores.

A defensora pública Renata Antão, titular do 6º Núcleo Regional de Tutela Coletiva, que acompanha o caso, disse que a autorização de obras no local é uma afronta a decisão do Poder Judiciário. “A expedição de alvará, pelo município de Maricá, em 13 de julho, autorizando obras do empreendimento Maraey, representa verdadeira afronta às decisões do Poder Judiciário”, concluiu a defensora pública.

No processo, são réus a IDB Brasil, a Prefeitura de Maricá, o Inea e o Estado do Rio de Janeiro. A Defensoria Pública representa Associação Comunitária de Cultura e Lazer dos Pescadores Zacarias (Acclapez), colônia nativa formada por cerca de 200 famílias.

“A decisão do juiz da 2ª Vara Cível proferida no dia 17/8 reafirma que a liminar deferida, em segunda instância, no ano de 2013, permanece em vigor. As decisões judiciais posteriores, inclusive do STJ, apenas reafirmaram o entendimento de que a instalação do Resort Maraey no local acarretaria dano irreparável à Área de Proteção Ambiental (APA) de Maricá, com impactos devastadores para o meio ambiente”, reafirmou a defensora pública.

A assessoria do Resort Maraey que emitiu a seguinte nota: “A IDB Brasil, responsável pelo projeto Maraey, informa que não foi notificada formalmente da decisão do juízo da 2ª. Vara Cível de Maricá. A empresa reafirma que, como sempre, cumprirá rigorosamente quaisquer ritos legais em vigência, mas que buscará imediatamente todos os meios legítimos e legais para avançar com o projeto do mais importante complexo turístico-residencial sustentável do país”.