Puxadas pela crise hídrica do ano passado e pela alta do dólar, a conta de luz dos consumidores do Rio vai subir. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, na terça-feira (15), os reajustes nas tarifas da Light e da Enel Rio, antiga Ampla. Os clientes residenciais (de baixa tensão) da Light terão uma alta de 15,53%.
Já os clientes residenciais da Enel Distribuição Rio, que atende Niterói, Região dos Lagos (OS QUE TEM MAIOR PROBLEMA NA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA, COM PIQUES E FALTAS DE LUZ CONSTANTES, ALÉM DO MAL ATENDIMENTO NAS AGÊNCIAS, onde em Maricá resultou em uma ataque de fúria de uma consumidora quebrando toda a agência - https://obaraoj.blogspot.com/2022/03/d-guaraciara-vira-simbolo-de-luta-em.html) e o Norte Fluminense, terão uma alta de 17,39%. Os reajustes entram em vigor já na terça-feira (15).
Para os consumidores industriais (de alta tensão) da Light, o aumento médio autorizado é menor, de 13,53%. No caso da Enel Rio, esse grupo de consumidores terá uma alta de 15,38% nas suas tarifas.
O reajuste é puxado pela crise hídrica do ano passado e pela alta do dólar em 2021, que aumentou os custos para comprar energia.
As contas das distribuidoras de energia são reajustadas anualmente pela Aneel. Ao longo do ano, a energia também pode subir, com o acionamento ou não das bandeiras tarifárias (tarifas extras nas contas em decorrência de eventual falta de chuvas).
O reajuste da Light em 2022 é chamado tecnicamente de “revisão tarifária”. É um processo que ocorre a cada cinco anos, quando são analisados diversos aspectos do contrato de concessão. Por isso, é diferente dos reajustes anuais e costuma ser, também, maior que a média nacional.
O aumento nas contas de luz é impulsionado principalmente pela crise hídrica. O Brasil registrou no ano passado a pior crise hídrica em mais de 90 anos. O nível dos reservatórios ficou nos menores percentuais da História.
Por conta da falta de chuvas, o governo acionou praticamente todas as usinas termelétricas (inclusive as mais caras) para poupar água dos reservatórios e garantir o abastecimento. O custo dessas usinas estão sendo repassados para os consumidores.
O governo já havia criado a Bandeira Tarifária da Escassez Hídrica, que representa um custo extra de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Mas essa cobrança não foi suficiente para cobrir todos os custos do setor.
A bandeira da Escassez Hídrica se encerra em abril. O reajuste vale a partir da terça-feira (15/3). Com isso, pelas contas da PSR Energy, o fim da bandeira da escassez hídrica deve praticamente anular os efeitos do reajuste para o consumidor, na medida em que acaba a cobrança extra praticamente ao mesmo tempo em que o reajuste começa a ser aplicado.
A tarifa de energia elétrica é reajustada considerando uma série de fatores, como o dólar e os custos do aumento da geração de energia por meio de usinas térmicas — que é decorrente da falta de chuvas.
O dólar pesa, por exemplo, na compra dos combustíveis das termelétricas e também na definição da tarifa da usina de Itaipu, que tem um peso relevante nas contas do Rio.
Além da compra de energia ter ficado mais cara, o consumidor também vai pagar mais pelos encargos do setor elétrico. Só o pagamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) irá representar uma alta de 5,5% nas contas de luz. Esse fundo banca as ações do setor elétrico, como a tarifa social de energia para famílias de baixa renda.
Empréstimo
Por outro lado, os custos de transmissão de energia caíram. A Aneel já considera nessa conta um empréstimo que vai ser concedido às distribuidoras neste ano por meio das contas de luz.
Antes de decidir sobre os reajustes da Light e da Enel, na terça-feira (15), a Aneel autorizou todas as distribuidoras de energia do país a captarem um empréstimo de R$ 10,5 bilhões (dividido em duas parcelas) para cobrir parte dos custos decorrentes da crise hídrica.
O empréstimo será captado pelas empresas junto aos bancos, mas será embutido nas contas de luz. O valor será pago ao longo dos próximos anos. Sem esse empréstimo, a tarifa teria subido mais 6,5% neste ano.
No caso da Light, ainda pesa muito nas contas os chamados “gatos”, que são os furtos de energia. Cerca de 40% da energia é furtada, fazendo com que os demais consumidores paguem essa conta. A meta para os próximos cinco anos é reduzir esse número para 36,92%.
O reajuste nas contas de luz será mais um peso no orçamento das famílias neste ano. Em 2021, as tarifas de energia subiram em média 21%, de acordo com o IBGE, número que já considera diferentes bandeiras tarifárias e reajuste.
Os impostos sobre as contas de luz no Rio estão entre os mais altos do país. Nas tarifas da Light e ENEL paga pelo cliente, 32% são para impostos; 29,7%, para compra de energia; e 13,6%, para encargos. Ficam com a distribuidora, de fato, 15,1% da receita.