Em um episódio que escancara o descaso com o dinheiro público em Maricá, o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTIM) decidiu, finalmente, rescindir o contrato de locação de um imóvel que jamais foi utilizado para sua finalidade original. O prédio, prometido como sede de um Núcleo de Biotecnologia, acabou se transformando em um símbolo do desperdício: fechado, abandonado, vazio e custando quase R$ 30 mil por mês aos cofres públicos.
A rescisão do contrato n° 00012/2022 foi publicada em 5 de setembro de 2025, embora tenha sido formalizada em 18 de julho. O contrato havia sido firmado entre o então presidente do ICTIM, Celso Pansera (hoje presidente da CODEMAR), e a empresa Rimolo Construções LTDA (CNPJ 19.726.109/0001-39), para a locação do prédio por 36 meses, totalizando mais de R$ 1 milhão em gastos públicos.
O responsável por trazer à tona esse absurdo foi o vereador Ricardinho Netuno (PL), único parlamentar da Câmara de Maricá que tem se destacado no papel de fiscalizador do Poder Executivo. Foi ele quem denunciou o caso ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), o que resultou na abertura de um inquérito para investigar a situação.
O imóvel está localizado na Rua Domício da Gama, 355, no Centro de Maricá que por muitos anos abrigou a clínica São Vicente, e desde a assinatura do contrato, em dezembro de 2022, nunca teve qualquer tipo de movimentação científica ou tecnológica. O único “funcionamento” foi o depósito mensal do aluguel: R$ 29.750, religiosamente pagos, sem qualquer contrapartida em serviço ou benefício à população.
Em maio de 2024, o vereador Netuno esteve pessoalmente no local e confirmou o abandono total do prédio. Àquela altura, já haviam sido pagos mais de R$ 400 mil em aluguel. A constatação foi chocante:
“Estive pessoalmente no prédio que está sendo alugado pelo ICTIM no Centro e o que vi foi revoltante: o espaço está fechado, parado, sem qualquer atividade. Como vereador eleito para fiscalizar e denunciar as irregularidades na nossa cidade, não posso fechar os olhos diante desse tipo de situação”, afirmou Netuno.
A denúncia repercutiu na imprensa e, somente após meses de pressão, o atual presidente do ICTIM, Claudio Souza Gimenez, decidiu suspender os pagamentos do contrato. No entanto, a suspensão, ocorrida em outubro de 2024, chegou tarde: 22 meses de aluguel foram pagos, totalizando mais de R$ 600 mil jogados no lixo.
Agora, faltando apenas cinco meses para o término natural da locação, eis que aparece a rescisão contratual. Isso levanta questionamentos sobre a real disposição do ICTIM — e da Prefeitura de Maricá — em zelar pelo dinheiro público.
Enquanto isso, o tal Núcleo de Biotecnologia, que prometia inovação e desenvolvimento, nunca passou de uma ideia no papel. Ou, pior ainda: de um pretexto para torrar dinheiro dos contribuintes em um imóvel vazio.
A apatia institucional diante de tamanha ineficiência e desperdício reforça a importância de uma atuação parlamentar vigilante. Não fossem a fiscalização do vereador Netuno e o trabalho da imprensa, esse contrato poderia ter seguido até o fim, sem nunca entregar absolutamente nada à população.
Reveja a linha do tempo:
Junho/2025
Maio/2025
Maio/2024
N.R.: O jornal Barão de Inohan cede o espaço que for necessário para que entidades e/ou pessoas citadas direta ou indiretamente nesta matéria, para que façam o contraponto.








