sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Professora encontrada carbonizada se relacionou durante 4 meses com adolescente suspeita do crime

Crime pode ter sido cometido por mãe e filha, namorada da professora


 Segundo as investigações, Vitória Romana Graça (26), encontrada carbonizada na Zona Oeste do Rio, teve um relacionamento de quatro meses com a adolescente de 14 anos, suspeita de cometer o crime com a mãe. 

No sábado 19/8, policiais civis da 35ª DP (Campo Grande) prenderam em flagrante Paula Custódio Vasconcelos, e apreenderam a filha dela, de 14 anos, pelo sequestro e assassinato da professora. 

Vitória conheceu a adolescente pelo Instagram e, após o rompimento, a professora teria bloqueado a garota nas redes sociais. Um colega da professora contou, em depoimento, que Vitória decidiu se afastar da menina por achar que a mãe dela estava se aproveitando do namoro para se beneficiar financeiramente.

Após ser apreendida, a menina disse à polícia não ter envolvimento com o crime. De acordo com ela, na noite em que Vitória desapareceu, em 10 de agosto, ela tomara um remédio e, quando acordou, estranhou que a mãe não estava em casa. Ao questionar seu irmão, de 16 anos, ele respondera que a mãe havia ido a Mercearia Rosa — local para o qual, posteriormente, foi identificada uma transferência via PIX da conta bancária da família da vítima.

De acordo com depoimentos prestados na polícia, Paula apareceu na escola em que Vitória trabalhava no dia do seu desaparecimento. Ela foi com o irmão para dizer que a filha não havia aceitado bem o fim do namoro e pediu que as duas conversassem “fora do seu local de trabalho”. O amigo da vítima contou à polícia que orientou Vitória para que encontrasse com a mulher em um local público, “de preferência um shopping, onde tem muitas pessoas”. De acordo com o depoimento de funcionários do colégio, o filho de Paula estuda na unidade, motivo pelo qual ela conseguiu entrar no estabelecimento com facilidade.

Naquele mesmo dia, a professora visitou a própria mãe por volta das 21h. Ao sair de lá, teria ido ao encontro de Paula e não foi mais vista. Nesse mesmo dia, várias transferências foram feitas pelo telefone de Vitória para o irmão de Paula. Ele ainda não foi encontrado pela polícia.

Requintes de enorme crueldade: Professora foi queimada ainda com vida, diz laudo

A professora Vitória Romana Graça, ainda estava com vida quando teve seu corpo queimado em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio, na madrugada da sexta-feira 11, aponta laudo do Instituto Médico-Legal (IML). Segundo o documento, a vítima morreu por aspiração de fuligem. Seu corpo foi encontrado por moradores por volta das 8h daquele dia, na Praça Damasco. Vitória estava desaparecida desde a noite anterior, quando saiu da casa de sua mãe para encontrar a mãe de sua ex-namorada e a menina, uma adolescente de 14 anos.

Ferragens e tecidos encontrados no local do crime levam a polícia a acreditar que a vítima estava numa mala quando os criminosos atearam fogo. Apesar do sequestro mediante extorsão, a polícia ainda não sabe a motivação do crime.

Em depoimento, a mãe de Vitória contou que o último contato com a filha foi às 5h do dia em que foi morta, quando a vítima afirmou — com voz de choro — ter sido sequestrada e que não sabia informar a localização, mas que precisava que a mãe pagasse R$ 2 mil aos criminosos. A mãe da professora não informou quantas ligações foram feitas, mas disse que, em meio às tentativas de falar novamente com a filha, foi atendida por um homem e uma mulher, que ressaltavam o pedido por dinheiro.

Segundo relato de uma testemunha, a professora fez um desabafo no dia em que desapareceu. Cansada de arcar com despesas de Paula e sua filha, a vítima teria dito que já havia ajudado bastante a família e que não tinha mais condições. 

QUEM ERA VITÓRIA

Vitoria era professora contratada do município há quatro meses e dava aula na Escola Municipal Oscar Thompson, em Santíssimo. Segundo a adolescente, com quem manteve um relacionamento, as duas se conheceram pelo Instagram e ficaram juntas também por quatro meses.

Após ser apreendida, a adolescente disse à polícia não ter envolvimento com o crime. 

Mandado de prisão em aberto para a mãe pilantra

Paula já tinha mandado de prisão em aberto por roubo qualificado. No último domingo, ela participou de duas audiências de custódias. Uma em relação ao sequestro e morte da professora, e a outra por ter sido condenada, em 2014, a seis anos de prisão por roubo. No processo, consta que ela participou de quatro roubos em pouco espaço de tempo, acompanhada de um menor infrator. Um trecho da decisão da época diz que Paula usou “um simulacro de arma de fogo, o que denota a extrema ousadia da acusada e denota sua conduta social distorcida”.

Passado de crimes

Há três registros na folha de antecedentes criminais de Paula. A primeira aconteceu em 2010, quando a mulher foi acusada de "lesão corporal decorrente de violência doméstica". Contudo, em 2021, um juiz determinou a extinção da punibilidade dela, ou seja, anulou a possibilidade dela ser presa.

Já em 2013, Paula foi presa por roubo na companhia de um menor de 18 anos, situação considerada "corrupção de menor", um agravante de pena. No ano seguinte, ela foi condenada a mais de 6 anos de prisão, dos quais cumpriu 1 ano e oito meses em regime semiaberto. A sentença continua em aberto.

O último anotado diz respeito ao crime no qual ela foi presa no sábado (12), fichado como "extorsão mediante sequestro". A Polícia Civil ainda investiga o assassinato da professora, que pode ser incluído no mesmo caso.

Antes de ser carbonizada, professora chorou implorando 'a todo tempo' para não a matarem, disse suspeito à polícia

Ao ir à casa de Paula Custódio Vasconcelos, mãe da ex-namorada, Vitória Romana Graça foi imediatamente imobilizada e amarrada em uma cadeira

A professora Vitória Romana Graça (26), encontrada carbonizada na sexta-feira 11, chorou afirmando “a todo tempo” obedecer aos agressores e implorando para que não lhe fizessem mal. A revelação foi feita por Edson Alves Viana Junior, terceiro suspeito de participação no crime, à Polícia Civil, na tarde da quarta-feira (16/8). O homem auxiliou no sequestro (foto abaixo) e na morte de Vitória ao lado da irmã Paula Custódio Vasconcelos e da sobrinha, de 14 anos, ex-namorada da professora.

Edson acompanhou a irmã até a escola e voltou com ela para a casa, onde ficaram esperando Vitória, que chegou às 21h daquele dia. Em depoimento à polícia, ele contou que Paula estava decidida a matar a professora, premeditando o crime antes da chegada dela.

Assim que Vitória entrou na casa, Paula a teria imobilizado e, com a ajuda de Edson e da filha, amarrou a professora com fitas adesivas em uma cadeira. Ali, iniciaram as extorsões. À polícia, o suspeito disse que: “Vitória, chorando a todo tempo, dizia que iria dar o que eles quisessem, que não era para fazer nada de mal a ela”.

Apesar da contribuição da professora durante o sequestro e nas extorsões, os suspeitos teriam decidido enforcá-la com uma corda, colocando-a numa mala e ateando fogo em seguida. 

De acordo com o laudo cadavérico, Vitória morreu por inalação de fumaça e seu corpo foi carbonizado. Ela foi queimada ainda com vida, após jogarem gasolina em seu corpo.

Mãe e filha foram expulsas da comunidade onde moravam.