Em cinco meses, vice-líder do PT visitou Cuba, Colômbia, a ilha de Curaçao e Portugal; em todas as viagens, teve a companhia da família. Não houve gasto de dinheiro público.
"VOU CONTINUAR VIAJANDO" afirmou Quaquá
Nos primeiros cinco meses de mandato como deputado federal, o vice-líder do PT na Câmara, Washington Quaquá, viajou cinco vezes ao exterior para passear com a família. O levantamento foi feito com base nas redes sociais do deputado e em registros da Casa, que não apontaram nenhuma missão parlamentar ou gasto de dinheiro público.
Quaquá visitou Cuba, Colômbia, a ilha de Curaçao e, agora, está em Portugal. Em todas as viagens, teve a companhia de sua mulher, a psicóloga Gabriela Lopes. Em duas delas, levou sua filha.
Além do périplo internacional, o parlamentar foi para Foz do Iguaçu (PR) com a família em maio. Ao todo, Quaquá acumula 11 faltas no plenário e 24 em comissões. Nenhuma viagem foi paga com dinheiro da cota parlamentar ou feita em missão especial.
A viagem que fez para Cuba, em abril, desfalcou o governo Lula, que foi derrotado na Câmara em uma votação sobre o decreto do saneamento básico. Junto de Quaquá, além de sua mulher, estavam outros quatro deputados da base governista.
O mesmo aconteceu durante a viagem para Foz do Iguaçu, na qual comemorou seu aniversário. Enquanto isso, a Câmara aprovou o marco temporal das terras indígenas, contrariando apelos públicos do governo Lula.
Procurado, o deputado Washington Quaquá afirmou que viaja com recursos próprios, mas eventualmente aproveita o deslocamento para fazer seu trabalho parlamentar. “Agora mesmo vim em viagem para o meu casamento, que será no dia 20, mas aproveitei para realizar uma reunião com um dos arquitetos que fizeram a Expo Lisboa. Quero levar a experiência para Maricá, minha cidade”, disse, completando:
“Como homem público e mesmo na vida pessoal, viajar é bom para conhecer experiências de políticas públicas e ampliar contatos internacionais. De resto, vou continuar viajando.”
Vice do PT prospecta negócios em Cuba com (e para) amigos
Washington Quaquá se nega a revelar quem são os empresários que devem se beneficiar da empreitada
No fim de abril, o deputado federal Washington Quaquá (RJ), vice-presidente nacional do PT, embarcou rumo Cuba pela segunda vez em menos de seis meses. Em dezembro de 22, ele foi à ilha acompanhado de um grupo de correligionários comemorar a própria vitória nas urnas.
A viagem foi oficial, custeada pela Câmara dos Deputados, na companhia de outros três parlamentares e de empresários amigos.
Mas Quaquá aproveitou a oportunidade para, segundo ele mesmo, prospectar negócios — e prospectar negócios, diga-se, com potencial de beneficiar empresários conhecidos e lhe render dividendos políticos em seu reduto eleitoral, o município de Maricá, no Rio de Janeiro.
Organizador da missão, o vice-presidente do PT assume de viva-voz a intenção: “A gente foi identificar uma série de oportunidades que tem lá e vamos começar a prospectar gente para fazer investimento lá”.
A questão é quem serão os escolhidos para a empreitada — e como se dará a escolha. Indagado sobre isso, Quaquá faz mistério.
Ele se recusou a dizer, por exemplo, os nomes de empresários do Rio de Janeiro que foram convidados para missão.
“O porto de Mariel ali é uma porta de entrada importante para todo o Caribe”, disse o deputado, referindo-se ao porto cubano que nos governos do PT recebeu investimentos milionários do BNDES que até hoje não foram quitados.
A jornalista Sarah Teófilo apurou que um dos negócios costurados pelo vice-presidente petista com o governo cubano foi um acordo de cooperação entre a estatal cubana de biotecnologia, a BioCubaFarma, e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá.
O município fluminense, repita-se, é a base eleitoral do deputado, cujo filho, Diego Zeidan, é vice-prefeito. Diego, que também estava na viagem, se licenciou do cargo para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Solidário na administração de Eduardo Paes, na cidade do Rio de Janeiro, em mais uma costura política visando 2024.
O acordo prevê o desenvolvimento e a produção, em Maricá, de uma vacina para diabéticos que ajuda em processos de cicatrização e evita casos de amputação. Uma empresa privada brasileira já foi escolhida para participar do negócio.
Só que, curiosamente, Quaquá diz que não pode dizer que empresa é essa. “O nome não pode ser dito, porque tem confidencialidade”, afirma o deputado e vice-presidente do PT.
Na viagem de dezembro, Quaquá encontrou em Havana o ex-ministro José Dirceu, sabidamente dono de ótimas relações com a ditadura que há décadas comanda a ilha.
A missão de agora, capitaneada pelo vice-presidente petista, contou com os deputados federais Dimas Gadelha (PT), Juninho do Pneu (União Brasil) e Ricardo Abrão (União Brasil), todos do Rio.
Abrão tem empresas no Brasil na área de combustíveis, e declarou possuir R$ 21,9 milhões em bens nas últimas eleições, já Quaquá, declarou ter apenas um patrimônio de R$ 700 mil.
Também fez parte da comitiva um assessor do filho de Quaquá que dirigiu o PT do Rio e aparece em registros oficiais como ex-sócio de uma construtora, além do vereador Hadesh (PT), o predileto de Quaquá na cidade de Maricá e secretário de Direitos Humanos da cidade, Sr. Birigú.
Matéria do jornal Metrópoles por