quinta-feira, 22 de novembro de 2018

APÓS DENUNCIAR TRÁFICO PELA WEB, MULHER É MORTA A PAULADAS, ESQUARTEJADA E QUEIMADA

MP do Rio pede prisão preventiva de acusados de matar moradora que criticou tráfico na web


O MP (Ministério Público) do Estado do Rio de Janeiro denunciou e solicitou à Justiça a prisão preventiva de sete pessoas acusadas de sequestrar, matar a pauladas, esquartejar, queimar o corpo e enterrar os restos mortais de Hellen Alves de Oliveira, após a moradora da favela do Caju, na zona portuária do Rio, postar nas redes sociais uma crítica ao tráfico de drogas.

"A partir do momento que uma criança, um jovem ou um adulto morre refém da violência enquanto está vindo da escola, vindo do trabalho ou trabalhando dentro de casa, vindo de um curso, vindo da igreja, eu sou a primeira a gritar e e xingar. Agora, a partir do momento que um desses morre por estar em boca de fumo, segurando arma e radinho, na boa, nem fala comigo. Principalmente se for para chamar policial de covarde. Covarde pq? Se ele não atirar quem morre é ele e vice-versa. Tá na guerra é pra morrer, irmão. Me julguem", publicou a moradora no Facebook.

Segundo o promotor Sauvei Lai, titular da 30ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos, a declaração de Hellen na internet ocorreu após ela se recusar a participar de manifestações na favela contra a morte de bandidos em confronto com a polícia.

"Foi feito um print dessa mensagem na internet e a cópia foi enviada para o chefe do tráfico [Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob] que já cumpria pena. De dentro do presídio, ele ordenou que Hellen fosse morta", disse o promotor.

O post foi publicado no dia 27 de fevereiro, e Hellen foi assassinada no dia 5 de março.

De acordo ainda com o promotor, uma mulher, identificada como Lunara da Silva Faria, se passou por amiga da vítima e foi a responsável por revelar a localização de Hellen. Ela foi sequestrada na frente de vários moradores e levada para a localidade conhecida como "9 do Galo", onde foi brutalmente assassinada.

Ao todo, sete pessoas foram denunciadas pelo MP. Entre eles, o chefe do tráfico de drogas da região, Luiz Alberto Santos de Moura – que já cumpre pena por outros crimes; Lunara – a falsa amiga – e Marcelo de Almeida Batalha – conhecido como açougueiro e apontado como a pessoa que esquartejou a vítima.

Os outros denunciados são: Vinicius de Souza Santos; Thiago Correa de Mesquita; Fábio Clementino da Silva e Francisco Lucas Martins Andrade. Além deles, outros dois homens teriam participado da ação, mas morreram em confronto com a policia.

O grupo é acusado de homicídio qualificado por motivo torpe e ocultação de cadáver. A pena pode chegar a 30 anos de prisão.

Consta ainda no inquérito que a família de Hellen abandonou a favela quando soube que ela havia sido sequestrada. Dias depois, parentes receberam mensagens do tráfico informando que apenas a autora da postagem seria punida.

"As mensagens diziam que a família poderia retornar à comunidade, pois a Justiça estava feita e que só a Hellen pagaria pelo o que ocorreu", disse o promotor ao UOL.