quinta-feira, 20 de abril de 2017

Prévia da inflação oficial desacelera para 0,21% em abril

Preço de combustíveis caiu e pressionou preços para baixo no IPCA-15


Considerado a prévia da inflação oficial do governo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), subiu 0,21% em abril, o menor resultado para o mês desde 2016, quando ficou em 0,17%. O resultado representa uma desaceleração frente a abril de 2016 — quando a taxa tinha sido de 0,51%. Em março, no entanto, a taxa tinha sido um pouco menor, de 0,15%.

O resultado ficou abaixo da expectativa de economistas consultados pela Reuters, que estimavam alta de 0,27%. Os dados divulgados pelo IBGE mostram ainda que o IPCA-15 acumula aumento de 4,41% nos doze meses encerrados em abril, inferior aos 4,73% registrados no mesmo período de 2016. O resultado nessa comparação é a menor variação acumulada em períodos de 12 meses desde janeiro de 2010 (4,31%).

O grupo Transportes pressionou a inflação para baixo em abril, ao apresentar deflação de 0,44% (impacto de 0,08 ponto percentual). É o segundo mês seguido de taxas negativas. Em abril, o destaque nesse grupo que ajudou o IPCA-15 a cair foram os preços de combustíveis — com forte peso no orçamento das famílias —, que caíram 2,77%. O litro da gasolina ficou 2,24% mais barato e o litro do etanol recuou 5,48%. Ao mesmo tempo, no entanto, as passagens registraram alta de 15,32%. Artigos de residência também tiveram queda, de 0,43%.

— A gente espera que os transportes se mantenham em terreno negativo, apesar de queda um pouco menor do que observamos. Tem relação com movimento de combustíveis. A queda do etanol vem pressionando a gasolina para baixo e vem impactando os combustíveis de modo geral — afirma o economista Marcio Milan, da Tendências Consultoria Econômica.

Uma das principais influências para a alta dos preços veio do grupo de alimentos e bebidas, que subiu 0,31% no mês e teve impacto de 0,08 ponto percentual, ou seja, quase metade da taxa de 0,21%. Em março, os preços de alimentos tinham registrado deflação de 0,08%.

O tomate teve alta de 30,79% no período, e se destaca como principais impactos no índice. Outros produtos também passaram a custa mais caro de março para abril, como batata-doce (11,63%), ovos (5,50%) e leite longa vida (1,49%).

Segundo Milan, o resultado para o grupo contrapõe a queda observada desde o começo do ano, mas não chega a ser muito forte em comparação às fortes elevações no início de anos anteriores de crise:

— A prospectiva para os preços de alimento é muito positiva. Se olharmos o atacado, vemos queda muito forte, então devemos ver algum repasse de baixa para o varejo também nos próximos resultados. Em maio, junho, devemos ver taxas de alimentos para baixo.

O grupo Habitação também teve impacto positivo no IPCA-15, com alta de 0,39%. A alta se explica pelo encarecimento do botijão de gás em 3,16%. A energia elétrica não apresentou variação, e o pois a incidência das bandeiras amarela e vermelha nas contas de luz a partir de primeiro de março e abril, respectivamente, foi compensada com o desconto oferecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por encargos de Angra 3 cobrados indevidamente no ano passado.

— O resultado (do IPCA-15) foi dentro do esperado. Esse mês houve redução da energia elétrica. Embora tenha zerado, houve aumento de PIS/Cofins em várias regiões e a introdução da bandeira vermelha (na cobrança das contas de luz), compensando a devolução de Angra 3 — indica o economista Luiz Roberto Cunha, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

De acordo com Milan, essa equação de fatores sobre a energia elétrica deve fazer com que a tarifa registre inflação no fechamento de abril.

O grupo Saúde e Cuidados Pessoais subiu 0,91% no período analisado, devido a alta de 0,86% nos preços de remédios, que reflete o reajuste anual entre 1,36% e 4,75% (varia de acordo com o medicamento) em vigor desde 31 de março.