O juiz Sérgio Moro condenou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Ronan Maria Pinto a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato. Na sentença, o magistrado escreveu que Delúbio tem maus antecedentes e lembrou sua condenação por corrupção ativa no Mensalão. "A lavagem no presente caso, envolveu especial sofisticação, com utilização de duas pessoas interpostas entre a fonte dos recursos e o seu destino final, além da simulação de dois contratos falsos de empréstimo". Ronan foi preso na 27ª fase da Lava-Jato enquanto Delúbio foi alvo de condução coercitiva em abril do ano passado.
A denúncia do MPF diz que ele foi o beneficiário final de parte do empréstimo de R$ 12 milhões que o PT conseguiu no Banco Schahin por meio do pecuarista José Carlos Bumlai. O pecuarista afirma ter quitado o empréstimo por meio da entrega de sêmen de boi. Para a investigação do Ministério Público Federal (MPF), porém, essa versão é falsa e os valores foram pagos a partir da contratação da Schahin pela Petrobras para operar o navio-sonda 10.000.
Delúbio foi denunciado por lavagem de dinheiro porque teria participado da operação de transferência do dinheiro.
Na mesma ação, Moro também condenou Enivaldo Quadrado, Luiz Carlos Casante, Natalino Bertin e absolveu Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, Marcos Valério Fernandes de Souza, Sandro Tordin e Breno Altman por falta de prova suficiente.
ENTRE O MENSALÃO E A LAVA-JATO
Renan Maria Pinto |
Delúbio foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão no regime semiaberto pelo pelo crime de corrupção ativa. Preso em novembro de 2013, foi autorizado no fim de setembro de 2014 a cumprir o restante da pena em prisão domiciliar. Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu o perdão da pena.
Em agosto de 2015 ele passou para o regime domiciliar. Pelo sistema, ele precisa ficar em casa das 21h às 5h. Além disso, é proibido de andar em companhia de outras pessoas que também estejam cumprindo pena. Também não pode portar armas, fazer uso de bebidas alcoólicas ou frequentar bares.
Durante sete anos, entre 2007 e 2013, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares recebeu R$ 449,6 mil de duas empresas, uma ligada a um ex-dirigente da CUT e outra cujo sócio foi citado na CPI dos Correios. A Mil Povos Consultoria, que pagou R$ 235,4 mil ao petista, tem como um dos sócios Kjeld Jakobsen, atual diretor da Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido, que já foi diretor da CUT e secretário da prefeitura de São Paulo na gestão do PT.
A informação faz parte de um relatório da Receita Federal que analisou as declarações de Imposto de Renda de Delúbio, anexado ao inquérito que investiga pagamentos feitos ao empresário Ronan Maria Pinto, dono de empresas de ônibus em Santo André.