terça-feira, 7 de março de 2017

Economia encolheu 3,6% em 2016, e país tem pior recessão desde 1948

Perda acumulada nos anos de 2015 e 2016 chega a 7,2%


A economia brasileira encolheu pelo segundo ano seguido em 2016, desta vez 3,6%, e o Brasil vive a pior recessão desde 1948, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando começa a série histórica do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta terça-feira. Em 2015, a queda foi um pouco maior, de 3,8%. A perda acumulada nos dois anos chega a 7,2%. É a primeira vez em 70 anos que o PIB tem dois resultados negativos anuais seguidos. O tamanho da economia brasileira ficou em R$ 6,3 trilhões em 2016.

O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da Fundação Getulio Vargas faz uma avaliação mais ampla sobre o ciclo recessivo brasileiro. Pelo Codace, o atual ciclo recessivo, que começou no segundo trimestre de 2014, completou em dezembro de 2016 onze trimestres. Desta forma, alcança a mesma duração da crise do governo Collor(1989-1992), e terá magnitude superior à crise da moratória da dívida (1981-1983), quando a economia encolheu 8,5%.

A mediana das previsões dos economistas e analistas ouvidos pela Bloomberg era de queda de 3,5% no ano e de 0,5% no último trimestre de 2016. Para 2017, no entanto, as perspectivas são um pouco melhores. Economistas ouvidos pelo GLOBO apostam que o nível da atividade deve ficar entre a estabilidade e uma alta que pode chegar a 0,7%.

Considerando apenas o quarto trimestre do ano, a economia caiu 0,9% em relação ao trimestre anterior. O IBGE também divulgou revisões para o desempenho da economia nos últimos trimestres. No terceiro trimestre de 2016, a queda passou de 0,8% para 0,7%. Já no segundo trimestre o recuo passou de 0,4% para 0,3%. Já no primeiro trimestre a perda ficou um pouco mais intensa, de 0,5% para 0,6%. E no terceiro trimestre de 2015 saiu de 1,6% para 1,5%. No quarto trimestre de 2015, por sua vez, a queda passou de 1,1% para 1,2%.

Todos os setores da economia tiveram queda em 2016. A maior perda pelo lado da oferta foi na agropecuária, de 6,6%. Pelo lado da demanda, o pior desempenho foi de investimentos, com recuo de 10,2%.

O PIB per capita teve queda de 4,4% em termos reais, alcançando R$ 30.407 em 2016. O PIB per capita é definido como a divisão do valor corrente do PIB pela população residente no meio do ano.

Pela ótica da oferta, em 2016, recuaram a agropecuária (-6,6%), a indústria (-3,8%) e os serviços (-2,7%). O mau desempenho da agropecuária em 2016, de acordo com o IBGE, decorreu,principalmente, da agricultura. A queda de 6,6% da agropecuária é o pior resultado do setor dos últimos 20 anos.

A indústria, ao recuar 3,8%, caiu menos do que no ano anterior, quando a retração foi de 6,3%. Este já é o terceiro ano seguido de queda da geração de renda desse componente. No setor, o destaque positivo foi o desempenho da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, que cresceu 4,7% em relação a 2015.

A indústria de transformação teve queda de 5,2% no ano. Foi o primeiro resultado anual negativo desde 2013, quando havia encolhido 3,2%. A construção sofreu contração de 5,2%, enquanto que a extrativa mineral acumulou recuo de 2,9%, influenciada pela queda da extração de minérios ferrosos. Ambos os segmentos caem há três anos seguidos.

A queda do setor de serviços foi igual a do ano anterior, de 2,7%. Essa é a segunda queda anual seguida.

Dentre as atividades que compõem os serviços, transporte, armazenagem e correio sofreu queda de 7,1%, seguida por comércio (-6,3%) – segundo recuo seguido, menos intenso do que o ano anterior –, outros serviços (-3,1%), serviços de informação (-3,0%) e intermediação financeira e seguros (-2,8%). As atividades imobiliárias variaram positivamente em 0,2%, enquanto que a administração, saúde e educação públicas (-0,1%) ficou praticamente estável em relação ao ano anterior.

Já no setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 1,9%, enquanto que as importações de bens e serviços caíram 10,3%.

TAXA DE INVESTIMENTO NO MENOR NÍVEL

A piora na economia levou as taxas de investimento e poupança aos menores patamares desde 2010. Os indicadores são importantes para determinar a capacidade de crescimento do país. Em 2016, a taxa de investimento recuou para 16,4%, após ter ficado em 18,1% no ano anterior. Já a taxa de poupança passou de 14,4% para 13,9%.