segunda-feira, 26 de setembro de 2016

MAIS UM MINISTRO DO PT PRESO APÓS RECEBER R$ 128 MILHÕES

Palocci recebeu R$ 128 mi em propina

Maior parte dos recursos era destinada ao PT, aponta Lava Jato

Antonio Palocci era o gestor de um caixa ilícito do PT com o grupo Odebrecht, afirmou a força-tarefa da Operação Lava Jato nesta segunda-feira (26). Segundo a procuradora Laura Gonçalves Tessler, os valores repassados ao ex-ministro da Fazenda chegaram a R$ 128 milhões, mais um saldo remanescente de R$ 70 milhões, localizado em outubro de 2013 - a maior parte dos recursos era dirigida ao partido, mas uma pequena quantia teria ficado com o economista.

As investigações apontam que Palocci tratava com a empreiteira assuntos referentes a pelo menos quatro diferentes esferas da administração pública federal: a obtenção de contratos com a Petrobras relativamente a sondas do pré-sal; a medida provisória destinada a conceder benefícios tributários ao grupo econômico Odebrecht (MP 460/2009); negócios envolvendo programa de desenvolvimento de submarino nuclear - PROSUB; e financiamento do BNDES para obras a serem realizadas em Angola.


Os dados vieram à tona nesta segunda-feira (26), quando foi deflagrada a 35ª fase da operação, batizada de Omertà, na qual Palocci foi preso. Segundo a Polícia Federal, o nome dado à investigação é uma referência ao codinome "italiano", que a construtora usava em planilhas para fazer referência ao ex-ministro, bem como ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht que, ao ser quebrado por integrantes do “setor de operações estruturadas”, permitiu o aprofundamento das investigações. 

Ao todo, foram 45 ordens judiciais em seis estados e no Distrito Federal. Outros dois presos nesta fase são ligados ao ex-ministro: um deles é Branislav Kontic, que foi assessor especial dele na Casa Civil e o outro é Juscelino Dourado, que foi chefe de gabinete do petista no Ministério da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

R$ 208 milhões em impostos não foram arrecadados

O delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace, responsável pela força-tareda da Lava Jato, afirmou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira, que a conversão em lei da Medida Provisória 460/2009, que tratava de benefícios fiscais, faria a União deixar de arrecadar uma quantia de R$ 208 milhões em impostos. Esse montante beneficiaria a construtora Odebrecht, além de outras empresas, afirmou o delegado.

Segundo Pace, o ex-ministro Antonio Palocci pediu à Odebrecht alternativas de compensação caso o Projeto de Lei não fosse aprovado. Palocci teria pedido propina de R$ 10 milhões por gerar o benefício à construtora. 


Pace citou também que a intermediação de encontros e pagamentos feitos pela Odebrecht a Palocci era feita por Juscelino Antônio Dourado. O nome do intermediário aparecia nas planilhas da construtora sob a rubrica "JD". 

Palocci foi ministro da Fazenda no início do governo Lula e ministro-chefe da Casa Civil no início do governo Dilma. Em ambos os casos deixou o cargo que ocupava em meio a denúncias de irregularidades.