terça-feira, 11 de março de 2014

DILMA MANDA ISOLAR EDUARDO CUNHA, LÍDER DO PMDB

Eduardo Cunha: das sombras aos holofotes

Líder do PMDB saiu dos bastidores para assumir protagonismo no enfrentamento com o governo, que se esforça para isolá-lo


BRASÍLIA — O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), conquistou posição de destaque com atuação intensa no plenário da Casa, concentrando todas as articulações políticas e discussões de mérito sobre projetos de interesse do governo. Assim, acabou, inevitavelmente, sempre envolvido nas principais discussões da Casa. Muitas vezes, ele mesmo assume a relatoria de um projeto ou medida provisória importante para o governo, concentrando ainda mais seu poder de decisão.
A estratégia de assumir relatorias começou quando ainda era vice do então líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), até o início de 2013. No ano passado, Alves foi eleito presidente da Câmara para um mandato de dois anos e Cunha, líder do partido, por um ano. Agora, foi reconduzido ao comando da liderança. Há alguns anos, ele trabalhava mais nos bastidores. Recentemente, ganhou independência e autonomia para expor suas estratégias de enfrentamento com o governo.

A primeira “bomba” de Cunha em direção ao Planalto foi em 2007, no governo Lula, quando foi relator da proposta de prorrogação da CPMF até 2011. Na época, utilizou todo o prazo regimental para apresentar parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a admissibilidade da proposta e ainda fez alterações na redação. O governo teve que negociar a retirada de alterações. Em dezembro daquele ano, a CPMF foi derrubada no Senado, na maior derrota do governo Lula.
De lá para cá, Cunha liderou os principais embates: dos royalties à MP dos Portos. O Planalto não suporta a ideia de depender do atual líder do PMDB e reclama de suas pressões. No caso da MP dos Portos, sua aprovação virou uma verdadeira novela para o governo por causa da atuação de Cunha.
Além das pressões políticas, Cunha sabe como utilizar as regras do regimento da Casa para fazer valer a posição do partido. Além dessa manobra, costuma apresentar várias alterações nos projetos de interesse do governo para “infernizar” o Planalto. Antes, os emissários do governo ainda negociavam com o líder do PMDB, mas depois de sua última jogada política, a criação do chamado “blocão” com oito partidos aliados, a ordem da presidente Dilma é isolá-lo.

O GLOBO