Após a avalancha na Pedra de Itaocaia, ocorrida no dia 13 de agosto, onde inúmeras opiniões desencontradas entre os órgãos públicos não elucidaram os motivos do desastre natural que ocasionou a destruição de várias residências e a interdição da Estrada de Itaipuaçu por tempo indeterminado, o que gerou insegurança junto aos moradores locais, um parecer técnico com dezesseis páginas subscrito pelo geólogo Cláudio Martins esclarece os fatos.
Segundo o geólogo Cláudio Martins, que é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), “a Pedra de Itaocaia está subindo lentamente ao se livrar de sua carga por efeitos erosivos e queda de placas de rocha, ganhando rupturas curvas em seu interior devido ao alívio de carga, feito um acebolamento interno, permitindo a formação de novas placas rochosas e a continuação do fenômeno em ciclos”.
Diferente do que chegou a ser anunciado pelo Departamento de Recursos Minerais (DRM), o deslocamento de blocos de rocha da Pedra de Itaocaia não é resultado da oscilação de temperatura por influência da insolação ou da variação termal dia-noite, ou intervalos climáticos anuais, mas do alívio de carga a que o corpo granítico vem sendo submetido ao longo de milhares de anos em função da erosão. O pesquisador alerta ainda para o fato de que “a cada momento chuvoso, novos fluxos de água percolam a base decomposta das placas, colocando-as em situação de risco iminente de escorregamento, mesmo que decorram alguns dias ou semanas após as chuvas”.
O professor do Departamento de Geociências da UFF, alerta que a placa rochosa que desprendeu-se não é única, indicando que há risco de escorregamento de terra e rochas em diversos locais da montanha e seu entorno, destacando, ainda, que o mapeamento destas áreas e a definição de diretrizes para as devidas intervenções técnicas capazes de eliminar ou controlar os riscos atuais é urgente.
Entre as recomendações apontadas em caráter de emergência pelo geólogo Cláudio Martins, além da manutenção da interdição da área atingida, destacam-se: a raspagem dos fragmentos de rocha instabilizados; a estabilização da porção da placa ainda sob risco de queda, com a ancoragem para sua estabilização, estudando-se a conveniência de contrafortes e ainda a utilização de malha grampeada e concreto projetado nas porções periféricas onde há material terroso misturado a fragmentos de rocha; e o mapeamento Geológico-Geotécnico detalhado no local e no seu entorno.
O parecer técnico conclui, também, que seja realizado estudo de um grande bloco de rocha localizado no Morro da Penha, no interior do Parque Estadual da Serra da Tiririca, que pode estar na iminência de queda no Recanto de Itaipuaçu, confrontante a Rua Barão de Macayba, e que hoje é uma ameaça a inúmeras casas habitadas.
*Gerhard Sardo é jornalista pós-graduado em análise, avaliação, planejamento e educação ambiental. Acadêmico de Direito. É subsecretário municipal de Projetos Especiais de Niterói. Representante da sociedade civil na Câmara Técnica de Áreas Protegidas e Biomas do Conselho Estadual do Meio Ambiente, no Conselho Municipal do Meio Ambiente de Niterói e no Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca.
– Informações sobre o parecer técnico com o geólogo Cláudio Martins pelo celular (21)9924-4681
Rosely Pellegrino